"Nosso Carisma:Viver a íntima união com Cristo presente em nós! Tal união transforma em oração cada ação nossa."
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Presença Missionária no Brasil

O crescimento do carisma

Se um carisma é dado por Deus em função da sua Igreja, é lógico que deve ser expandido nos setores a que a sua ação é destinada. Dai a importância do desenvolvimento, inclusive institucional, do próprio carisma.
As vocações para a vida consagrada nos últimos tempos sofreram uma profunda crise, pelo menos do ponto de vista numérico, especialmente nas décadas em que o Instituto das Oblatas de Nazaré vivia a fase da sua juventude. Podemos encontrar vestígios desse fenômeno nas cartas de Dom Semeraro. "No dia 7 de outubro de 1985, festa de Nossa Senhora do Rosário - ele escreve - durante o encontro comunitário no encerramento dos exercícios espirituais, foi tomada a decisão de dedicar um ano à oração para implorar novas vocações para o nosso Instituto. Este ano está quase terminando e talvez vocês queiram me dizer: 'Nós todas rezamos bastante tanto individual como também comunitariamente, mas não estamos vendo nenhum resultado positivo" 47.
O Fundador repreende tal afirmação nestes termos: "Para o próximo dia 7 de outubro vai começar o segundo ano de oração e penitência para as vocações, como foi determinado anteriormente" 48.
Com isso, Dom Semeraro quer afirmar que não há necessidade apenas de uma perseverança na oração, mas é preciso também ampliar os horizontes, convidando para a oração outros Institutos aflitos pelo mesmo problema, solicitando inclusive a ajuda da oração de vários mosteiros de clausura.  A esse respeito, escreve: "Eu mesmo fui tratar deste problema com as Monjas Sacramentinas de Bassano del Grappa (Vicenza) e, considerando que corresponderam com viva compreensão e carinho, fizemos a proposta que tal disponibilidade de ajuda recíproca se tornasse como uma aliança estável entre o nosso Instituto e aquela Comunidade. Elas então, mediante a sua vida de adoração contínua, terão presentes de modo particular as Oblatas de Nazaré, enquanto nós poderemos retribuir com a oferta ao Senhor de nossa vida de sacrifício no trabalho da caridade. Nesta aliança da vida de clausura e da vida ativa nos apresentamos ao Senhor como Marta e Maria na Casa de Betânia" 49.
Como é fácil perceber por estas palavras, Nazaré se amplia e se completa no binômio, contemplação-ação.
Apesar das dificuldades que o fenômeno vocacional sofreu em toda a Igreja, o Instituto das Oblatas de Nazaré teve uma notável expansão missionária.
Não é possível acompanhar tal expansão através das cartas de Dom Semeraro. Nelas porém podemos encontrar alguns acenos que ele fez durante a sua última década de vida.
Precisamente depois de apenas dois meses desde o início do segundo ano de oração pelo incremento das vocações, encontramos uma alusão à "pobreza de número, de forças e de novas vocações" e um apelo para importunar Maria para que repita aquilo que já fez em Caná", quando soube que o vinho tinha acabado: Ela então disse aos servidores da mesa: "Fazei tudo aquilo que Jesus vos disser'" 50. Mais tarde, em outra carta, Dom Semeraro exorta as Oblatas a se conscientizarem "com clareza a respeito da desproporção dos nossos compromissos e a limitação das forças à nossa disposição" 51.
De fato, em um certo momento os compromissos transpuseram as fronteiras da Itália. "Obedecendo ao convite do Senhor 'Ide e anunciai!' 52, as Oblatas de Nazaré partem rumo ao Brasil. Na ocasião ele escreve: "Se o grão de trigo ficar no celeiro, não cresce; espalhado, porém, em terreno fecundo, sacrifica a si mesmo para fazer nascer feixes de espigas, com a ajuda do sol e da chuva" 53. E às Oblatas que permanecem na Itália, recomenda: "Vamos pedir ao Senhor, cujo coração é como um sol ardente, que fortaleça e anime o seu fervor mesmo no meio das dificuldades. Por isso, vamos implorar a sua graça concedendo-nos a luz da fé e do fervor" 54.
Na época, Dom Semeraro tinha 85 anos de idade e, como um bom semeador, procurou lançar no terreno um grão selecionado que tinha guardado no celeiro. Naquela ocasião ele lembra às Irmãs que a atividade missionária não deve ser considerada como um "acréscimo", mas sim como um elemento pertencente à essência do carisma de Nazaré. "Enquanto vocês se preparam para partir a fim de começar a atividade missionária, quero chamar a  sua atenção sobre alguns aspectos desse novo trabalho. Tal atividade não é um acréscimo secundário em comparação com as atividades desenvolvidas por todas vocês até agora, e sim uma chamada específica de Cristo, tanto para vocês que partem, quanto para as outras que ficam na Itália" 55.
Todavia, o início da ação missionária não deve ser considerado como algo promocional do Instituto das Oblatas de Nazaré que se expandem além do oceano. "Vocês vão para lá (no Brasil ndr) somente porque se doaram totalmente ao Senhor, como Oblatas de Nazaré. Portanto, somente 'poderão dar muito fruto', como Ele próprio assegurou" 56, renegando de certo modo ao seu eu e vivendo intimamente unidas ao Senhor.
Nesta perspectiva, as Irmãs que partiam em nome de Cristo para divulgar a sua mensagem tornavam-se de verdade instrumentos de Deus no processo de salvação do mundo. A tarefa delas no Brasil não era "conquistar" pessoas para Cristo, mas deviam simplesmente "propor" a elas a mensagem cristã, demonstrando que Cristo na verdade não é um conquistador. "Fiquei sabendo de pessoas informadas - escreve Dom Semeraro - que as pessoas a serem evangelizadas estão tão desejosas de se sentirem amadas e respeitadas, mas, ao mesmo tempo, em geral, são muito sensíveis (...). Pode acontecer, por exemplo, que por causa de uma grosseria, ou uma resposta dura de momento, pode acabar definitivamente com um bom relacionamento (...) que existia há anos. É preciso portanto que o seu amor por Cristo e pelo próximo que Ele confia aos seus cuidados, seja um amor "à prova de bomba', isto é, capaz de superar qualquer limite" 57.
Em outras palavras, o conceito de evangelização não implica a idéia de aniquilação, mas de valorização do patrimônio cultural dos povos aos quais queremos levar a mensagem cristã.
Texto extraído do livro "A humilde Cotidianidade" O Carisma das Oblatas de Nazaré de Francesco Gioia. 


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